eu falo sózinha. é fato.
falo também com quem não conheço, como hoje, no trânsito. a japonesa com a filha e eu com minha criatura estávamos de olho na mesma cena: a fofa passeava com o totó pela calçada (uma totózona, vamos esclarecer!). o sinal fechou e ficamos ali, as quatro, olhando o que ia rolar. na esquina é uma loja de carros e alguns ficam num recuo na calçada. e lá foi a totózona zanzar entre os carros. eu pensei: vai fazer xixi na roda! não, ela fez cocô. um cocô condizente com o seu tamanho. eu com o vidro aberto, falo com meus botões: ela vai catar? ai a japonesa do carro ao lado ouve e engatamos o maior papo-comadre:
(japonesa)- olha o tamanho do cachorro e ela com a guia solta.
(eu) - pensei que a cachorra fosse fazer xixi na roda dos carros
(japonesa, rindo) - não! olha o tamanho do cocô!
(eu) - será que ela vai pegar?
e aí percebemos que estávamos falando bem alto e que a fofa-dona-da-totózona ouviu!
e eu a japonesa começamos a rir
(eu)- ah, toda vez que eu vejo um cachorro fazendo cocô na calçada fico olhando pra ver se o dono pega e se ele olha, eu pergunto: vai pegar? qualquer dia eu apanho!
(japonesa)- eu faço a mesma coisa!
o sinal abriu, demos tchau e seguimos nossos caminhos.
ah, sim! a fofa-dona-da-totózona pegou o cocô... quentinho!
e assim termina a saga-da-criatura-que-desistiu-de-insistir-que-queria-um-totó!
*
falar sózinha é uma coisa.
mas não me ignore quando eu falo
(ou escrevo)
pode não fazer a menor diferença
pra você, mas eu não gosto
e não falo mais.
com você.
e fico quites.
comigo.
*
Tom Hanks vai estar vindo
ajudar na obra.
qual o nome do filme?
*
a coisa não é nossa.
mas... vá lá!
que Jack O´Lantern
proteja a sua colheita!
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