15 fevereiro, 2009

RELATANDO O IRRELATÁVEL

não dá pra ignorar, fazer de conta, pular a janela.
bater a porta, virar a página, começar de novo.
quem fala que dá, não tem noção,
não sabe pra que serve o numero Pi,
não conhece o planeta B602 e seu único baobá.
tudo tem um preço.
o diamante
o pão
é a ignorança
- a mesma do Manuel de Barros,
que fala de coisas plenas
e definitivas.
pois é.
não chorei (muito)
não vesti luto
a vida se jogou na minha cara
o trabalho
a cria
as contas
pragmática é meu primeiro nome
mas há outros nomes em mim
tão fortes quanto o primeiro,
daí a briga do corpo.
parei
não tinha vontade nem de falar.
a coisa foi feia.
com o espinho enterrado na pata,
escolhi o capim alto da savana
e lá fiquei.
lambi o espinho
até ficar molinho
e arranquei.
essa sou eu.
não posso fugir de mim.

*

por 3 longos dias
arrastei os pés,
e cega de dor
encarei a tortura chinesa.
a coluna travada foi vasculhada
por mãos quentes como brasa
dedos espinhosos
e uns martelos assustadores.
- não ficou um só osso do meu corpo
100estalar!
um chinezim menor que eu
bom de força
só tive medo quando chegou no pescoço
sabe aquela cena que o mocinho
segura o pescoço do bandido,
pega no queixo e quebra o cara?
igualzinho mas 100quebrar.
chinezim martelou-me a cabeça a testa
e o olho direito.
vai ver ele não queria cegar os dois!
e martelou muito as costas, avisando
'vai ficar roxo e dolorido, depois passa'
opa!
as vértebras da coluna sacral
estavam tortas
e o osso do pulso também
tudo por conta de um tombo em 2003.
chinezim garante que depois que parar de doer
vai melhorar 70, 80%.
retorno dentro de 3 semanas para nova sessão
e ai fico 100% no caso de sobreviver.

somatizei total
mas já passou.

obrigada querentes
todos os dias
na hora do meu encontro com o sagrado
peço que a luz chegue a todos voces.
beijos!

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