14 setembro, 2007

DA SÉRIE COLUNA ALHEIA

QUEM MATOU TAÍS?
Luciano Pires

Lá para os idos de 1990, Renan Calheiros era um fiel escudeiro de Fernando Collor.
Lembro que ele chamava atenção pelo cabelo sempre despenteado. Era uma figura
estranha, vivendo na sombra do poder. Foi eleito senador pelo estado de Alagoas em
1994 e reeleito em 2002. Quando do impeachment, fazia parte da “tropa de choque” que
defendia Collor.
Collor se foi, mas Renan ficou. E aprendeu como poucos a navegar no mundo da
política. Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, ocasião
em que presidiu a XI Conferência dos Ministros da Justiça dos Países
Ibero-Americanos, e pouco depois a reunião dos ministros do Interior do Mercosul,
Bolívia e Chile. Foi também presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran);
do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda); do Conselho de
Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) e do Conselho Nacional de Segurança
Pública (Conasp). Em 2002, foi um dos mentores do Estatuto do Desarmamento. Chegou a
Presidente do Senado Federal em 2005 e foi reeleito em 2007. O cabelo despenteado
desapareceu, a roupa melhorou, o patrimônio aumentou. E ele acabou traçando aquela
tetéia que era repórter da Rede Globo. O resto já sabemos. O escudeiro transforma-se
na figura central da política brasileira durante o primeiro semestre de 2007. Surgem
denúncias em cima de denúncias. Mas o cara não cai. Resiste bravamente, de tal forma
que começamos a desconfiar que ele tem mais do que inocência.
Ele sabe das coisas. Ou melhor, ele sabe de coisas. Sabe tanto que pode ameaçar:
- Se cair, levo um monte junto.
Esse é o risco que corre quem tem escudeiro. O escudeiro conhece as manias do
príncipe, as fraquezas do príncipe, as sacanagens do príncipe. E seu conhecimento
pode destruir o príncipe. Para livrar-se dele o príncipe tem que mandar matar. Ou
aceitar a chantagem.
O que assistimos nos últimos meses talvez seja um dos maiores escândalos de
chantagem pública “destepaíz”. Nunca antes um senador teve em suas mãos tanto poder,
tanto conhecimento para causar medo.
Veja só: provoca o afastamento de Fernando Collor, que se licencia de seu mandato
reconquistado depois de cumprir a pena pelo impeachment. Collor não pode votar
contra seu ex-escudeiro. Provoca a saída do país do Presidente Lula, que faz teatro
do outro lado do mundo. Destrói a carreira de Aloísio Mercadante, que mais uma vez
tenta explicar o inexplicável, justificar o injustificável. Expõe a cara-de-pau de
um Romero Jucá, de um Epitáfio Cafeteira. Deixa explícito que a mídia pode muito,
mas não pode tudo. Mancha definitivamente a imagem do Senado. É poder demais para um
senador só, o que nos leva a perguntar: o que é que Renan sabe?
Eu posso imaginar. Sabe de outros senadores e deputados que usam dos mesmos
expedientes que ele usou para benefício próprio. Sabe tudinho do mensalão. Sabe das
negociatas para compra de votos, para mudança de legenda, para proteção de empresas
devedoras frente ao fisco. Sabe das doações de bancos e grandes empresas. Sabe de
concessões de rádio e televisão. Sabe quem come quem. Sabe dos propinodutos variados
(aliás, quando é que uma CPI vai dedicar-se a esmiuçar os contratos da área de
informática no governo?). Deve saber dos acordos envolvendo as Farcs. Chavez. Fidel
Castro. Sabe de muitos outros filhos fora do casamento. Talvez Renan saiba quem
matou Celso Daniel e o Toninho do PT. Deve saber sobre os bastidores das
privatizações. Conhece alguns – ou muitos – podres envolvendo as grandes estatais.
Sabe do Kia, do Boris e do Corinthians...
Renan tem o poder supremo: informação. Ele manda em quem quiser. Ele dita regras,
exige apoio e faz tremer. Renan pode tudo. E sabe que pode. Daí aquela segurança,
aquela arrogância, aquele sorrisinho, aquele “abisolutamente”, aquela certeza,
aqueles abraços e apertos de mão inexplicáveis. Renan é o cara.
Quer saber? Eu acho que Renan sabe até quem matou a Taís.
E nós, que pensamos que sabemos das coisas e na verdade sabemos de nada? Vamos
seguir a vida, bovinamente resignados e obedecendo ao supremo mandamento do novo
Brasil:
– Cale a boca. E compre.
Será que o Renan sabe até quando?


***
Se é como o Luciano diz, o escudeiro terá vida longa,
porque o sapo-que-pensa-que-é-príncipe acha que
os "cumpanheros" pensam que ele,o sapo,
é quem manda!
Será que Sheakspeare sentiria o cheiro deste reino podre ?
To be or not to be!
Esquece!
Sapo não tem cérebro, que dirá consciência!

***

Eu, daqui não consigo abrir o blog
e ouso querer saber o por quê!

Bom dia, querentes!

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