28 novembro, 2005

RUBEM ALVES

ASSUSTEI-ME. O homem, cabeleira branca, estava com os braços levantados, como se estivesse sendo assaltado, no aeroporto. Aproximei-me. De fato, era um velho. Devia ter aproximadamente a minha idade. De fato, estava com os braços levantados. Estavam apoiados no vidro que separa os que partem dos que ficam. Ele era um dos que ficavam. Lágrimas escorriam dos seus olhos. Alguém partira. Seus braços levantados, encostados no vidro, diziam da inutilidade das suas lágrimas. Há um momento na vida em que cada separação anuncia a Grande Separação. Olhei para o porteiro que verificava os cartões de embarque. Ele entendeu a pergunta que estava no meu olhar e só disse: “ O filho partiu...” Não chorei mas fiquei com vontade...


***
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A imagem recebi da minha amiga Luci
e se me fosse permitido voltar no tempo,
eu enviaria a imagem para um amigo e diria:
' dá uma olhada neste espetáculo ' -
e ele, com seu coração de menino, ficaria lá longe,
encantado junto comigo...
Mas eu não sou Clark Kent ...
Que pena!

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