28 outubro, 2005

MANOEL DE BARROS

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II
Esse é Bernardo.
Bernardo da Mata. Apresento.
Ele faz encurtamento de águas.
Apanha um pouco de rio com as mãos e espreme nos vidros
Até que as águas se ajoelhem
Do tamanho de uma lagarta nos vidros.
No falar com as águas rás oexercitam.
Tentou encolher o horizonte
No olho de um inseto - e obteve!
Prende o silêncio com fivela.
Até os caranguejos querem ele para chão.
Viu as formigas carreando na estrada 2 pernas de ocaso
para dentro de um oco... E deixou.
Essas formigas pensavam em seu olho.
É homem percorrido de existências.
Estão favoráveis a ele os camaleões.
Espraiado na tarde -
Como a foz de um rio - Bernardo se inventa...
Lugarejos cobertos de limo o imitam.
Passarinhos aveludam seus cantos quando o vêem.
de "O Guardador de Águas", Manoel de Barros
***
Eu conheço alguns Bernardos -
percorridos de existências,
que se inventa.
Mas aquele que gosta de passarinhos,
se reflete no vôo do céu azul
ou por entre folhas,
quietinho!

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