Uma amiga me disse que criar filhos é criar monstros, no bom sentido, claro! Você conversa, explica suas razões para esta ou aquela atitude e vai assim alimentando o monstro questionador que mora dentro de toda criança e lá na frente o monstro vai querer te engolir!
Não creio! Mas pode ser...
Sempre pensei que filho é xerox de pai e mãe, mesmo antes de ser mãe! Se os pais são coerentes nas atitudes, os filhos também o serão. A rebeldia é uma outra questão que, pra mim não está ligada à formação do caráter.
O que motivou a escrever este post foi o post "Dá-lhe Geografia" do Abel no Singularidades(o link está no Queridinhos ai do lado) e o comentário do "steak de frango" que diz que a culpa é dos pais. Concordo e aí entra o que falei ... xerox de pai e mãe!
Minha filha está na 3ª série - estuda numa escola pública. Vai fazer 10 anos em setembro. Algumas mães me questionaram "ela está atrasada, né?". Por que?, pergunto eu com uma candura que nunca tive! Mas enfim! Não, ela não está atrasada e se tudo caminhar como eu acredito que vai, ela será tão atrasada quanto a mãe dela foi! Aos 10 anos comecei a ler Julio Verne. Aos 14 li Metamorphose do Kafka. Aos 15 já tinha lido mais livros do que minhas colegas de colégio. E lia de tudo - minha mãe nunca impôs restrições de leitura. Adelaide Carraro e Cassandra Rios? Li também! Assim como Paracelso, Nostradamus, Flaubert, Stendhal, Cervantes, Huxley, Asimov, Dostoiévsky, Dumas (pai e filho) - a lista é longa, sem contar os clássicos infantis que minha filha herdou e trata os livros com muito carinho e acha lindas as dedicatórias!
Minha filha tem um vocabulário excelente, muito acima da média das crianças da idade dela. Gosta de música. Boa música (embora tenha umas recaídas que eu não levo em consideração!). Ela sabe quem é Chico Buarque (outro dia ela estava cantarolando Roda Viva!). Quando ela quer saber onde é um determinado país, pego o mapa mundi e explico. Aproveito e conto alguma coisa interessante que sei sobre o país em questão. Sei que o nível cultural dela é superior ao de adolescentes mais velhos. Claro que tem coisas que ela não sabe... ainda! Mas ela é interessada em saber! Eu mostrei isto a ela! Acredito que estou cumprindo com meu papel de formadora de ser humano - que é o que toda mãe deveria ser!Mas isto dá trabalho! Exige muita paciência e dedicação, coisas que faltam pra muitas mães! Eu estou envolvida com minha filha e acredito que isto é que vai fazer dela uma pessoa capaz! Capaz de entender uma frase, de formular um pensamento, de emitir uma opinião (ela idealizou uma greve da classe, porque a "adorada professora de matemática" assumiu, temporariamente, a vice-direção da escola e não vai dar as aulas - uma grande injustiça, diga-se de passagem!. A professora achou lindo! E quem sou eu pra discordar?!), de se emocionar com uma música e com o pôr-do-sol, de gostar de passarinhos. Ela sabe onde é Passárgada, conhece Mário Quintana, Cora Coralina, sabe que "no meio do caminho havia uma pedra", gosta de Vinícius de Moraes...
Resumindo, se muitas coisas estão do jeito que estão, é porque os pais não querem ter trabalho. Jogam pra escola uma responsabilidade que lhes pertence. A escola deve fornecer subsidios para o conhecimento, mas a vontade de conhecer vem do estímulo que a criança recebe, do envolvimento que a família tem o que a criança está aprendendo.
Quando circula pela internet as "pérolas" do ENEM, dos vestibulares e afins, achamos graça. Mas não é nada engraçado. É triste e assustador saber que um futuro médico, engenheiro, arquiteto ou sei lá o quê, será tão ignorante quanto uma mula!
É invasão dos "sem-cabeça", que vão atrás do bonde do tigrão encontrar com a lacraia pra dizer que um tapinha não dói!
Minha filha está fora desta, mas minha preocupação é que, no futuro ela se sentindo uma estranha no ninho (porque é o que ela será!), pense em se bandear pro lado B! Se isto acontecer, tenho certeza que será só pra não ser chamada de esquisita!
Assim espero!
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